Quinzena de luta no comércio <br>contestou regabofe patronal

PROTESTO Os trabalhadores do comércio e serviços realizaram desde o início deste mês acções de protesto em defesa de melhorias salariais e contra as discriminações e a precariedade, pela regularização de horários e o cumprimento da contratação colectiva.

Os grupos de retalho acumulam lucros à custa da sobre-exploração

A luta por melhores salários e pelo trabalho com direitos esteve na origem da quinzena de luta convocada pelo CESP/CGTP-IN e que hoje termina. Os problemas, transversais no sector, são particularmente sentidos nos maiores grupos de retalho, que acumulam lucros crescentes à custa da cada vez maior sobre-exploração, pelo que as principais iniciativas reivindicativas ocorreram nas maiores cadeias distribuição.

Sem subestimar o sucesso de plenários e contactos com trabalhadores realizados de Norte a Sul em instituições particulares de solidariedade social ou nos centros operacionais da Brisa (na Feira, dia 7, em Leiria, dia 8, na Coina, anteontem, e no Carregado, ontem), cabe destacar dois exemplos da intensa agenda divulgada pelo Sindicato do Comércio e Serviços.

Hoje, 13, os trabalhadores do Dia/Minipreço cumprem uma greve de 24 horas com concentrações às 11h00 em escritórios da empresa situados em Oeiras, Vila Nova de Gaia e Albufeira. Aumentos de 40 euros no salário base e de seis euros no subsídio de alimentação; horários que respeitem a conciliação da vida profissional e familiar; fim da discriminação salarial, do assédio, pressão e repressão dos trabalhadores, em particular dos delegados e activistas sindicais, e correcção da injustiça na carreira profissional dos operadores de armazém, são as demandas laborais.

«Sabe bem pagar tão pouco»

Por justiça na carreira de operador de armazém, também os trabalhadores das naves logísticas do PingoDoce/Jerónimo Martins no Espadanal da Azambuja e de Vila Nova da Rainha reuniram em plenário na segunda-feira, 10, integrado, aliás, da semana de luta no Pingo Doce prevista para entre 7 e 13 de Abril. «Sabe bem pagar tão pouco» foi um lema propagandístico do Pingo Doce, recorda o CESP, que a propósito das jornadas cumpridas nas lojas dos Sassoeiros, Carcavelos, anteontem, e de Santa Luzia, Porto, dia 8, sublinha que o grupo Jerónimo Martins duplicou os lucros o ano passado para 500 milhões de euros, mas paga 600 a 627 euros de remuneração a trabalhadores com cinco e mais anos de casa. Acresce a sistemática ausência de resposta a questões colocadas pelo sindicato, tais como a discriminação entre trabalhadores a tempo completo e a tempo parcial no que ao pagamento do subsídio por trabalho prestado ao domingo diz respeito – violando o que determina o contrato colectivo, ou a manutenção com vínculos precários de inúmeros trabalhadores.

Em protesto pela não vinculação efectiva de trabalhadores, contra a violação da convenção colectiva em matéria de horários, sobretudo, mas também relativamente à retribuição igual para trabalhadores com as mesmas funções e categoria profissional (ascende a 80 euros de diferença), assim como para denunciarem a desprezível proposta de aumento salarial de 20 cêntimos/dia apresentada pela empresa, mais de uma centena de trabalhadores do Auchan Portugal (Jumbo e Pão de Açúcar) manifestaram-se, dia 5, junto à sede da empresa, em Lisboa. Na concentração participou o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, que se solidarizou com a luta daqueles trabalhadores. Em declarações à Lusa, uma trabalhadores sublinhou que o facto de a empresa estar a substituir trabalhadores em greve revela não apenas a sua conduta, como, igualmente, a dimensão que a jornada estava a atingir.

Dois dias depois, em Fânzares, Gondomar, foi a vez dos trabalhadores dos supermercados Modelo Continente se concentrarem para denunciar a raridade que constitui a passagem de um trabalhador do grupo a efectivo. Focaram as suas reivindicações na vinculação sem termo dos que se encontram em situação instável, daqueles a quem recentemente não foram renovados os contratos porque tal obrigaria a sua passagem ao quadro, bem como a contratação a tempo inteiro de todos aqueles que, encontrando-se a tempo parcial, nisso manifestem interesse.

 



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